Agência Pará de Notícias Grávida de seis meses do segundo filho, Adriene Monique Monteiro, 18 anos, não esconde a vaidade nos dias em que recebe a visita. Capricha na roupa e na maquiagem por que espera a visita do filho J. M, de 9 meses. Ela é umas das 16 internas grávidas custodiadas no Centro de Reeducação Feminino (CRF), localizado no município de Ananindeua. Entre olhares atentos, Adriene aguarda ansiosa. Não demora muito a agente penitenciária avisa que o pequenino chegou junto com a avó. Sorridente, o bebê faz gracinhas e dá gritinhos alegres para a mãe, que em troca enche o menino de beijos e abraços. Entre os afagos, ela descobre que está nascendo os primeiros dentinhos do filho e se emociona. “Vou lembrar sempre do sorriso dele. Tenho fé em Deus que logo estarei em casa, viver ao lado dos meus filhos é meu sonho, isso me dá forças para ser uma pessoa melhor a cada dia”, diz emocionada. “Se o bebê que estou esperando nascer na prisão, minha mãe também vai ficar responsável por ele”, revela com tristeza. Rosa Maria Carvalho, 44 anos, mãe de Adriene, desabafa. “É o primeiro dia das mães que vou passar longe da minha filha, e o que me traz até aqui é a grandiosidade do amor que sinto por ela”. Dona Rosa fala do sentimento de cuidar do J.M. “Criar meu neto me faz ser mãe duas vezes”. Mas nem todas as presas têm a mesma sorte, muitas não recebem visitas. É o caso da Rosilene Amaro, 20 anos, grávida de sete meses. Com o olhar abatido e distante ela diz que não tem como ver o filho mais velho, por ele estar sob os cuidados de sua irmã e morar longe. Rosilene encontrou nas lembranças a forma de enfrentar a solidão, mas sofre ao pensar que quando o bebê nascer vai ter que entregá-lo à família. “Dói só de imaginar que daqui a dois meses meu filho vai nascer e não vou poder cuidar dele. Não existe uma preparação para se separar de um filho. Nada diminui a dor da hora de entregar o bebê”, diz entre lágrimas. Dentro da prisão Rosilene reconhece que errou em não escutar os conselhos da mãe. “Hoje sei que é uma ilusão a vida do tráfico”. Ela faz questão de frisar que o ex-companheiro nunca a visitou na prisão, nem assumiu os filhos. “Quando a mulher está presa é pior para a família, pois os vínculos afetivos são quebrados. Em geral não recebemos visitas e os nossos filhos ficam abandonados”, desabafou. Grávida também de sete meses, Ana Kelly Carvalho, 27 anos, está presa pela segunda vez por tráfico de drogas. Mãe de outras três crianças ela declara que errou, mas não quer ver os filhos na criminalidade. “Minha vontade é que os meus filhos estudem, trabalhem dignamente e sejam o meu orgulho”. Segundo a diretora da unidade prisional Ligia Cypriano, quando as internas entram em trabalho de parto são encaminhadas à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Após o nascimento, os bebês ficam sob os cuidados de um familiar ou são entregues para o abrigo da Fundação da Criança e do Adolescente do Estado do Pará (Funcap). “As famílias que ficam com a guarda das crianças assumem o compromisso de levá-las até o estabelecimento prisional, onde têm acesso garantido, para que seja assegurada a amamentação do bebê pelo período de seis meses, previsto em lei”, explicou. Humanização Para a humanização no cumprimento da pena, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), por meio de convênio celebrado com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), está construindo no CRF uma unidade de atenção materno infantil. Espaço com capacidade para 15 leitos. O objetivo é garantir o espaço necessário para que a presa fique com o bebê no período de amamentação. Atualmente, as mulheres grávidas ficam em uma ala separada dos blocos carcerários. Recebem acompanhamento de uma equipe multidisciplinar formada por obstetra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, nutricionista e profissionais da área de enfermagem, com especialidade neonatal. Elas tem o acompanhamento do pré natal com exames laboratoriais, ultrassom e imunizações contra doenças sexualmente transmissíveis. Texto: Nara Pessoa - Susipe Fone: (91) 3222-6436 / (91) 8896-5319 / 8140-6282 Email: acssusipe@gmail.com Foto: Tamara Saré Superintendência do Sistema Penitenciário Rua , Santo Antonio Sn. Fone: (91) 3230-2214 / 3222-9096 Site: www.susipe.pa.gov.br Email: gabinete@susipe.pa.gov.br